"O ouro perto de Ti não me diz nada"

Hoje, como em tantos outros dias, o meu espírito relaxou em demasia e o meu ânimo e alento diminuíram, ficando quase extintos.

A arma mortífera que nos põe em relaxamento durante umas preciosas horas também não dava sinais de vida.

A Natureza suspirava fortemente, a Lua escondia-se por detrás das nuvens que voltavam a conquistar o céu indefeso e eu olhava para aquele triste panorama sem puder fazer nada para contrariar a lógica dos acontecimentos.

Voltei a desviar o olhar, para o computador, um novo amigo que conquistei nesta última semana.
Um leves e desajeitados passos ouvia no corredor, frio e escuro, e que se aproximavam de mim, melhor do meu quarto, um local de onde quase não saí toda a semana.

Sem fazer muito ruído, para não acordar aqueles que já estavam a repousar, fui ver quem era aquele "monstruzinho" que tinha invadido o meu cantinho.

Abri a porta, com bastante cuidado e algum medo, e foi quando me deparei com uma das minhas razões de viver, o meu sobrinho.

O olhar deve fixou-se em mim, durante alguns segundos, mas uma gargalhada infantil soltou-se logo de seguida e correu, desenfreadamente até mim para me abraçar.

Abraçou-me com todas as pequenas, mas suaves forças que a idade lhe permite, e duas palavras desastradas ele proferiu para a mãe que seguia atrás: "Meu Tio".

O meu ânimo e alento que perdera tinham agora regressado, porque a maior riqueza da minha vida estava perto de mim.

Brincámos e partilhámos sensações por algumas horas, até que o sonho invadiu o corpo da minha frágil paixão e adormeceu na minha cama. Acabei por adormecer com ele.

Hoje de manhã, bem cedo, senti alguma coisa a empoleirar-se em cima de mim e a saltar, era ele a tentar acordar-me para irmos fazer algumas traquinices normais da idade.

Olhei para ele com os meus olhos ainda em estrelas e afirmei com todas as certezas:

"O ouro perto de Ti não me diz nada!"

Rui Fernandes