Um sonho pelo passado...

(Foto do CLIP - Esquerda Rui Fernandes & Direita João Marques, 2007)

Hoje, enquanto os meus pensamentos, mente e coração descansavam e davam lugar aos sonhos e imaginação, para que estes, soltassem um toque irreal da vida, algo do passado voltei a recordar.

Pura ficção real, um conceito que não conhecia, mas que agora defendo, com todas as provas que o mundo necessitar.

Sonhei com um dia quente, devia ser início do Verão e consequente final de aulas. O cheirinho da Natureza que começava agora a amadurecer, misturava-se e envolvia-se com aromas oficinais, da sala onde trabalhava.

As aves progenitoras, procuravam alimento para as suas crias, esfomeadas, que chilreavam, alto e a belo som, permitindo um trabalho bastante mais calmo e com perfeição daqueles que se encontravam encaixotados dentro de quatros espessas paredes. Alguns dos filhotes, começavam a seguir o bater das asas da mãe, mas acabavam por cair, desamparados no chão sujo e tórrido.

As palavras trocadas entre amigos e professor, eram amarfanhadas pelas fortes marteladas da insensível maceta, que insistia em descarregar as suas frustrações no formão, que era, um boneco nas mãos da indiferente revoltada.

Lascas de madeira, saltavam, chorando, para que as batidas e o sofrimento parassem.

Eu, bastante concentrado no meu trabalho e com cara de poucos amigos, não me apercebia da maravilha do convívio e da conjunção de acontecimentos que se estava a suceder. O dia começara mal e ao longo da manhã e tarde, o meu coração arrastou-se, num rio de pedras que magoava. Dor e mágoa que não consegui esconder de ninguém.

Confesso que hoje sou um pouco diferente do que era neste tempo.

Falava para mim, sem que os outros pudessem imaginar o que estava a sussurar:

"A aula está uma verdadeira seca, por favor, campainha dos meus sonhos, toca!"

Logo a seguir, algo toca, pensei que era o toque de saída da aula, mas afinal era o meu despertador, o sonho, o passado que estava a relembrar tinha sido interrompido.

Hoje, à noite, espero poder continuar estas belas recordações e que tantas saudades, daquele tempo, tenho.

O que irá escolher a mente? Uma aula de Geografia, História, Língua Portuguesa, Educação Física?

A mente está indecisa, mas o coração, que tem a última palavra já sabe muito bem qual irá ser o sonho desta noite agradável e quente de Verão.

Rui Fernandes